As bolsas americanas sofreram com o recente aumento da inflação acima do esperado. S&P e Nasdaq sofreram as maiores quedas mensais desde o início do ano, -9,3% e -10,5% respectivamente. Além disso, por estarmos no fim do 3T22, muitos gestores estão querendo reduzir exposição ao risco, impactando negativamente o preço das ações.
O índice de inflação ao consumidor nos EUA, o PCE, teve uma alta de +0,3% m/m no mês de agosto, enquanto o consenso esperava uma taxa de +0,1% m/m. O maior ponto de preocupação do Fed é o setor de serviços, o qual apresentou uma alta significativa. Em setembro, a renda das famílias em um patamar mais alto junto do arrefecimento dos preços de combustíveis deve manter as pressões altistas, já que pode haver um redirecionamento dos gastos. Esse dado fortalece as expectativas de que a taxa de juros vai continuar em níveis altos por mais tempo para conter a inflação no país.
Brasil
O IPCA-15 teve uma deflação de -0,37% m/m em setembro, ficando no limite inferior das expectativas do mercado. O segmento de alimentação no domicílio foi um grande responsável pela surpresa, além dos cortes de ICMS sobre as telecomunicações. O núcleo sofreu, pelo quarto mês consecutivo, uma desaceleração beneficiada pela queda em serviços. Espera-se que o IPCA cheio do mês tenha mais uma leitura de deflação com o arrefecimento de leites e derivados, além do corte do ICMS. No curto prazo, a queda dos preços da commodities e a desaceleração da economia global são fatores que podem resultar em pressões baixistas para os preços.
O IGP-M também apresentou uma leitura deflacionária, em linha com as expectativas de mercado, de -0,95%. Isso aconteceu principalmente pela manutenção da queda dos preços ao produtor, principalmente em relação a preços de combustíveis, minério de ferro e leite. No curto prazo, o câmbio é o principal ponto de atenção, já que a depreciação do real foi responsável por manter os preços de algumas commodities estáveis nos últimos meses.
A ata do Copom divulgada essa semana teve um tom neutro, o que não deve impactar as expectativas do mercado em relação à política monetária. Entretanto, o Banco Central apresentou duas novidades. A primeira delas foi a fixação de um cenário de 0% para o hiato do produto no 3T22, sem deixar a possibilidade da atividade atual estar acima do potencial em aberto. Fora isso, admitiram também a possibilidade da continuação das desonerações tributárias. Essas novidades mostram uma visão mais dovish do comitê.
Por fim, a leitura do Caged mostrou resiliência, com o número de abertura de vagas acima do esperado pelo consenso. Nesse ano, totalizam 1,8 milhão de vagas criadas, dado que corrobora com a expectativa de um mercado de trabalho forte no 3T22, influenciado principalmente pelo setor de serviços. Em linha com esse dado, a taxa de desemprego recuou de 9,1% em julho para 8,9% no mês de agosto, registrando a sexta queda consecutiva. O rendimento médio habitual teve um aumento de 1,7% t/t. Nas próximas leituras, espera-se que haja uma estabilização na criação de vagas formais e na taxa de desemprego.
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