15/10/22

Análise da Semana - 10 a 14 de outubro


Essa semana começou a temporada de divulgação de resultados das empresas nos Estados Unidos. JP Morgan Chase superou as expectativas, recuperando a confiança dos investidores no setor financeiro. O banco registrou um lucro de US$ 9,7 bilhões e, por mais que isso represente uma queda de 17% em relação ao mesmo período no ano passado, foi uma surpresa positiva para o mercado que esperava um resultado pior. Além disso, a receita de US$ 33,5 bilhões também foi maior do que esperado pelo mercado, US$ 32,4 bilhões. Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, afirmou que por mais que o banco esteja saudável, a economia ainda está enfrentando muitos desafios como a guerra na Ucrânia. Entretanto, as altas taxas de juros ao redor do mundo beneficiam os bancos de forma geral, já que proporcionam a oportunidade de emitir empréstimos a taxa de juros mais altas. Dessa forma, a receita líquida de juros aumentou 34% a/a. Com medo de uma possível recessão, o banco está aumentando suas reservas para se preparar para a onda de inadimplência, se necessário.

No sentido contrário, o Morgan Stanley mostrou um resultado abaixo do esperado pelo mercado, além de ter desacelerado em relação ao mesmo período de 2021. A receita liquida divulgada foi de US$ 13 bilhões, vs. US$ 14,8 bilhões no ano anterior. Grande parte da explicação para esse desempenho aquém do esperado é a desaceleração gradual nos mercados de capitais e bancos de investimentos. No ano passado o volume intenso de negociações fez com que os bancos registrassem bons lucros, contudo esse impulso foi perdido em 2022 com a piora da economia mundial e o aumento das taxas de juros. Ainda assim, James P. Gorman, CEO do banco, acredita que o resultado se mostrou resiliente tendo em vista o momento instável que o mundo está passando.

A Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. divulgou uma boa performance no 3T22, relatando um aumento de 80% no lucro na comparação trimestral. O lucro por ação da empresa foi de US$ 1,79 vs US$ 1,68 esperado pelos analistas. Além disso, a empresa teve um crescimento forte de 25% na categoria de smartphones. Segundo o diretor da empresa, Wendell Huang, no quarto trimestre o resultado da companhia deve se manter estável, já que a redução na demanda ocasionada pela redução de gastos do consumidor, será contraposta por um aumento contínuo das tecnologias da empresa.


O índice de preços ao produtor, PPI, dos Estados Unidos registrou uma alta de 0,4% m/m, acima do esperado pelo consenso de 0,2% m/m. Vale lembrar que em agosto o índice havia mostrado um arrefecimento no nível de preços. Dessa forma, o dado anual registra uma alta de 8,5% a/a. Entretanto, excluindo alimentos e energia, dois setores com preços voláteis, o PPI ficou em linha com as expectativas em setembro.

Pelo segundo mês consecutivo o CPI, índice de preços ao consumidor americano, tem uma leitura acima do esperado pelo consenso. A leitura mostrou um aumento de 0,4% m/m, enquanto esperava-se uma aceleração de 0,2% m/m. No núcleo também houve uma surpresa de mesma magnitude. Isso se deu principalmente pela menor deflação do que esperado nos preços de energia, além de um aumento relevante no setor de alimentos. Para os próximos meses os preços devem continuar sob pressões altistas. Isso principalmente por conta da decisão da reunião da OPEP semana passada, a qual deve tornar o petróleo mais caro. Esse resultado, junto com a leitura do PPI, corrobora com a expectativa de mais um aumento de 75 bps do fed fund rate na reunião do Fed em novembro. Essas pressões inflacionárias têm levado os investidores a acreditar numa taxa de juros de cerca de 5% no primeiro semestre do ano que vem nos EUA.

Também foi divulgada a ata do FOMC, na qual é explicitado que o aumento na taxa de juros foi um consenso dos formuladores de política do Fed. De acordo com o documento, essas medidas devem ser mantidas por certo tempo para que seja possível cumprir a meta de contenção da inflação. Sendo assim, os membros do banco central americano têm como prioridade manter o aperto monetário, mesmo que isso signifique um aumento no desemprego. Entretanto, alguns formuladores de política do Fed acreditam que em algum momento será necessário desacelerar o ritmo de aperto para 25 bps, por exemplo, para que seja feita uma avaliação da política monetária. O FOMC prevê que a fed fund rate termine o ano em torno de 4,25% a 4,50%, e no final de 2023 a taxa fique entre 4,50% a 4,75%.

Brasil
O IPCA de setembro registrou deflação pelo terceiro mês consecutivo. O índice teve uma queda de -0,29% m/m, levemente mais alto do que o esperado pelo consenso. Os segmentos que mais influenciaram o resultado deflacionário foram combustíveis, por conta das mudanças tributárias além de reajustes baixistas nos preços proporcionados pela Petrobras, comunicação, ocasionado pelo corte de ICMS sobre telecomunicações e, por fim, alimentos em domicílio, o qual teve quedas em preços de leite e óleo de soja. Em outubro, espera-se que haja uma normalização dessas leituras negativas registradas nos últimos meses.

O volume de serviços de agosto foi uma grande surpresa positiva, enquanto o consenso esperava um aumento de 0,2% m/m foi observado um salto de 0,7% m/m, ficando próximo do limite superior das expectativas. Esse dado foi bem disseminado entre os segmentos do setor. Se houver estabilidade no mês de setembro, serviços deve ter um crescimento de 2,5% t/t no 3T22, representando uma contribuição positiva para a atividade econômica. A melhora da renda real das famílias deve incentivar o consumo de serviços nos próximos meses. Entretanto, no médio prazo o nível restritivo da taxa de juros nos país pode restringir o consumo das famílias e causar uma perda de força no setor.

Essa foi uma semana de bastante volatilidade, seja pelas indefinições em relação à eleição para presidente no Brasil, seja pelas pressões inflacionárias nos EUA. Esperamos ainda mercados bastante incertos nas próximas semanas.

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