Nos EUA, as empresas continuam em período de divulgação de resultados. Pfizer anunciou uma receita de US$ 22,6 bilhões, 7,2% acima das expectativas de Wall Street que eram de US$ 21,1 bilhões. A empresa teve um lucro de US$ 1,78 por ação, 25,1% acima do estimado pelo consenso, US$ 1,39 por ação. Assim, as projeções da empresa para os próximos períodos foram reajustadas, aumentando as expectativas de receita e lucro. A maior surpresa da divulgação foram os fortes resultados nas vendas da vacina de Covid-19 e continuamos achando que a empresa tem uma tese consolidada.
Na reunião do FOMC essa semana, a fed funds rate, taxa básica de juros americana, foi elevada em 75 bps, ficando entre 3,75% e 4,00%. O comunicado do comitê deixou em aberto a possibilidade de diminuir o ritmo de alta na próxima reunião em dezembro, porém reforçam que a intenção é manter a taxa elevada por mais tempo. Fora isso, a projeção da taxa terminal deve ser elevada depois dos novos dados de inflação e mercado de trabalho, que continuam mostrando que a economia se mantém forte no país.
A leitura do ISM Industrial de outubro nos EUA mostrou uma desaceleração do setor em relação ao mês anterior. Registrando 50,2 pontos, o índice se aproxima do nível considerado neutro (50 pontos), apesar de ainda apresentar expansão. Esse resultado é um reflexo da manutenção de uma demanda mais fraca, junto de uma melhora na produção industrial proveniente da atenuação nos gargalos produtivos. Apesar de mostrar um arrefecimento quando comparamos com a expectativa de 50 pontos, ainda entendemos que os EUA têm uma atividade econômica resiliente. Isso somado ao aumento da taxa de vacância divulgado pelo JOLTS faz com que provavelmente o FOMC passe a se preocupar com o aperto do mercado de trabalho.
O ISM de Serviços de setembro também arrefeceu em relação a agosto, de 56,7 pts para 54,4 pts. Mesmo ficando marginalmente abaixo das expectativas, o indicador ainda está em nível de expansão. Essa leitura traz um sentimento brando em relação a atividade econômica. O ponto principal do índice foi a aceleração de preços, os quais se mostraram acima da média histórica. Portanto, ao analisar esse resultado em conjunto com o ISM Industrial, podemos entender que a economia segue forte, mas com pressão de preços e salários.
O payroll de outubro trouxe uma surpresa positiva para o mercado, registrando criação de 261 mil novos postos. Dessa forma, o indicador acumula 4 milhões de vagas no ano. Os destaques do resultado foram os setores de manufatura, serviços profissionais, educação e saúde. A taxa de desemprego avançou para 3,7%, não ultrapassando o intervalo de 3,5%-3,7% ao longo deste ano. Fora isso, o ganho médio por hora teve uma alta de 0,4% m/m, acima do esperado pelo consenso. O mercado de trabalho continua aquecido, apesar de apresentar leve desaceleração.
Brasil
Ainda em temporada de resultados no Brasil, a Petrobras apresentou um resultado neutro no 3T22. O EBITDA ajustado veio um pouco abaixo do consenso, atingindo R$ 92 bilhões e mostrando uma desaceleração em relação ao trimestre anterior, decorrente da queda dos preços do petróleo. Além disso, o lucro líquido foi acima do esperado pelo mercado, alcançando R$ 46 bilhões. Os dividendos anunciados foram os destaques da divulgação e serão distribuídos R$ 44 bilhões, correspondendo a um yield de 11%. Tendo em vista os números divulgados, acreditamos que a empresa terá menos espaço para pagar dividendos antecipados no futuro, já que a posição de caixa está próxima do seu nível ótimo. Fora isso, o resultado das eleições possivelmente aumentou a percepção de risco da empresa, o que também deve afetar as políticas de gestão da empresa e remuneração dos acionistas.
Mercado Livre apresentou números fortes e crescimento da rentabilidade. O volume bruto de mercadorias (GMV) cresceu 18% a/a e o volume total de pagamentos (TPV) aumentou 54%. Junto a isso, o take-rate consolidado cresceu 30 bps a/a, ficando em 17%. Ainda, a receita líquida consolidada foi de US$ 2,7 bilhões, representando crescimento de 45% a/a, e a margem bruta subiu 6,7% a/a. O lucro líquido também mostrou um aumento em relação ao mesmo período no ano anterior, de 35%, ficando em US$ 129 milhões. Esse resultado reforçou o modelo de negócios resiliente da empresa quando comparada aos seus peers de e-commerce na América Latina e entendemos que a companhia está à frente deles e, por isso, reiteramos a compra do papel.
Os números da Lojas Renner ainda mostram recuperação em relação aos níveis pré-pandemia. A receita líquida do varejo teve um crescimento de 10% a/a, representando um aumento de 35% em relação ao 3T19, alcançando R$ 2,6 bilhões. Um ponto interessante é que o canal digital correspondeu a 14,5% do GMV. Por outro lado, a margem bruta do varejo sofreu uma queda de 50 bps em relação ao 3T19, assumindo um nível de 53,8%, tendo em vista o câmbio menos favorável e a inflação sobre as matérias-primas. Além disso, enquanto as despesas de vendas, gerais e administrativas tiveram um aumento de 49%, as demais despesas demonstraram uma melhora. Assim, o EBITDA ajustado do varejo foi R$ 449 milhões, um aumento de 22% em relação ao 3T19. Por fim, a divisão de financiamento ao consumidor teve um resultado fraco de R$ 19 milhões, representando apenas 4% do EBITDA, enquanto a média dos últimos dez anos é de aproximadamente 20%. No geral, a empresa acompanha a tendência global de aumento dos custos e queda das margens, devido a inflação ainda alta. Mesmo com o resultado fraco de financiamento ao consumidor, vemos uma melhora na rentabilidade e uma boa posição de caixa líquido.
A Ata do Copom divulgada essa semana mostrou um tom neutro. Apesar de reforçarem que estão acompanhando as expectativas de inflação, foi afirmado que já é possível perceber os impactos da política monetária. Entretanto, o Banco Central pode se deparar com novos desafios a depender das políticas fiscais de 2023. O discurso mais ameno faz com que a curva de juros se mantenha inalterada, precificando cortes entre março e maio. Acreditamos, no entanto, que as reduções comecem a acontecer entre junho e agosto, sendo 11% a previsão da Selic para o final de 2023.
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