Foi divulgada a ata do FOMC, comitê de política monetária dos EUA, a qual enfatizou a preocupação com a pressão inflacionária. Os membros do comitê afirmaram ter uma maior atenção para os sinais de desaceleração da economia. Em setores diretamente afetados pela taxa de juros já é possível observar uma desaceleração. Mesmo assim, o balanço das famílias segue saudável, principalmente por conta do mercado de trabalho que permanece apertado. Alguns dos membros já observam um movimento de melhora no nível de oferta e demanda no mercado de trabalho, prevendo um aumento no desemprego. Nas próximas decisões eles devem passar a incorporar os efeitos defasados do aperto monetário e, dessa forma, a maioria dos membros acreditam que há espaço para diminuir o ritmo da elevação da taxa básica de juros, o fed fund rates. Ainda acreditamos, entretanto, que a taxa encerrará 2022 em 4,25%-4,5% e terá seu pico em 5%-5,25%.
A prévia do PMI, índice usado como termômetro da atividade econômica americana, mostrou uma desaceleração no mês de novembro. O PMI composto, isto é, que combina o setor industrial e de serviços, foi de 48,2 pontos em outubro para 46,3 pontos em novembro, representando uma queda de cerca de 4% m/m. A expectativa era de que o índice se mantivesse estável em relação ao mês anterior. Essa surpresa negativa foi proveniente de ambos os setores. Os “novos pedidos” estão novamente em nível de contração, causada por uma menor demanda acusada pelos produtores de bens. De maneira geral, o arrefecimento da atividade econômica dá destaque para o componente industrial, o que já era previsível tendo em vista a alta taxa de juros.
A temporada de divulgação de resultados continua nos Estados Unidos. A Deere & Company, também conhecida como John Deere, reportou números fortes. A receita líquida foi de US$15,1 bilhões, acima do consenso de mercado que era US$14,2 bilhões, com +37,2% na comparação trimestral, sendo a divisão de agricultura de alta precisão o destaque desse resultado. O lucro líquido também veio acima do esperado, apresentando US$2,2 bilhões, +5,0% acima do projetado, isso por conta do arrefecimento dos impactos na cadeia de fornecimentos do setor de maquinário agrícola. Entendemos que a empresa tende a se beneficiar dos maiores níveis de investimento em infraestrutura e modernização do maquinário agrícola das fazendas, ou seja, impactando diretamente nos resultados financeiros. Vem sendo negociada a um P/L de 18,5x em 2022, em linha com a média histórica, mas mesmo com esse múltiplo gostamos da tese e somos compradores da ação.
Brasil
O IPCA-15 de novembro registrou uma aceleração de 0,53% m/m, pouco abaixo da expectativa do mercado, mas ainda bem acima dos 0,16% do mês anterior. Essa leitura foi impactada especialmente por combustíveis, alimentação no domicílio, cuidados pessoais e vestuários. A média dos núcleos aumentou de 0,47% m/m para 0,53% m/m e o segmento de difusão de serviços saiu de 61,5% para 64,6%. Há uma expectativa de aumento nos preços em 2023, principalmente por conta de uma possível reversão parcial das desonerações tributárias, além da provável expansão fiscal. A questão fiscal também deve contribuir para a depreciação cambial, dificultando a volta da inflação para a meta.
Ações Brasil
Em mais uma semana marcada por incertezas no âmbito fiscal, sem avanços de fato sobre a PEC de transição e as nomeações dos ministérios do novo governo, o Ibovespa ficou neutro, fechando aos 108.976,70 pontos. Dentre os maiores retornos na semana, temos Copel, Sabesp e Magalu. O destaque principal fica em Copel (CPLE6), estatal de energia do Paraná, que teve seu projeto de privatização aprovado no legislativo do estado, gerando otimismo acerca do futuro da companhia. Já por outro lado, temos CVC, 3R Petroleum e Natura com os piores desempenhos da semana. Por mais que a CVC (CVCB3) esteja conseguindo reduzir seu endividamento, o custo da dívida ainda é muito alto, o que gera prejuízo na última linha do balanço, portanto ainda passa por dificuldades. Além disso, o aperto da política de Covid Zero na China e a expectativa de menor demanda global de petróleo dado cenário de inflação e juros altos foram fatores contribuintes para a desvalorização do preço da commodity e das ações da 3R (RRRP3).
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