03/12/22

Análise da Semana - 28 de novembro a 2 de dezembro

O PIB dos EUA registrou um aumento de 2,9% t/t no 3T22. Esse crescimento é reflexo da elevação de gastos do consumidor e das exportações, entretanto, foi parcialmente compensado pela diminuição de investimento em habitação. Esse dado acaba com a sequência de duas quedas trimestrais seguidas, as quais traziam temor de uma possível recessão. De qualquer forma, as altas taxas de juros provenientes da luta contra a inflação aumenta o risco de uma crise em 2023.

O PCE, inflação ao consumidor dos EUA, apresentou uma alta de 0,3% m/m em outubro, abaixo do esperado pelo consenso, que tinha uma expectativa de 0,4% m/m. O núcleo também foi abaixo do esperado, 0,2% m/m. Enquanto bens não duráveis registrou alta, bens duráveis registrou deflação e serviços mostrou uma desaceleração na inflação. Além disso, o consumo acelerou, apresentando uma alta de 0,5% m/m. O índice de renda pessoal mostrou uma alta de 0,7% m/m vs 0,4% m/m esperado. Por outro lado, houve uma leve desaceleração nos salários, de 0,6% m/m para 0,5% m/m. Essa leitura indica uma demanda mais forte no 4T22 do que o mercado pensava, com consumo podendo apresentar alta anualizada de 3,3% t/t. Isso fortalece o sentimento de que deve haver uma desaceleração do ritmo de alta de juros na reunião do FOMC em dezembro. De qualquer forma, a resiliência da demanda deve manter o tom hawkish do comitê.

O ISM industrial de novembro nos EUA entrou no patamar de contração, em 49 pontos, conforme o esperado. Observou-se que aconteceu uma desaceleração disseminada nos indicadores de produção industrial. Esse dado mostra uma desaceleração da indústria, já que manteve uma demanda branda com melhora nos preços, proveniente do arrefecimento dos preços das commodities, fretes e melhoras do gargalo produtivo. Isso também corrobora para a diminuição do ritmo da alta de juros.

No mês de novembro o payroll surpreende e registra um aumento de 263 mil empregos, acima do esperado pelo consenso de mercado (200 mil). No ano, o índice apontou criação de 4,3 milhões de vagas, com uma média de 392 mil por mês. Na análise setorial, destaque para a maior criação de vagas no setor de lazer (88 mil vs 60 mil out/22) e em postos no governo (42 mil vs 36 mil out/22). Na direção oposta, observamos mais uma vez o fechamento de vagas no setor varejista, de transporte e armazenagem. A divulgação de hoje reforça a percepção de que o mercado de trabalho segue com caráter apertado e não abre espaço para um relaxamento do discurso do FOMC.

Brasil
O PIB no 3T22 avançou 0,4% t/t vs. 0,6% t/t esperado pelo consenso de mercado. A surpresa negativa aconteceu por conta das revisões feitas na série histórica. Os destaques para o crescimento no trimestre foram serviços e consumo das famílias por conta do Auxílio Brasil e a desaceleração da inflação. Esses dados sugerem possível dissipação do sentimento positivo com a atividade econômica e queda nos principais indicadores de confiança.

O IGP-M do mês de novembro registrou mais uma deflação, a quarta consecutiva, de -0,56% m/m. A leve aceleração em relação ao mês anterior, quando houve uma leitura de -1,0%, se deu por conta da alta nos preços da soja e da gasolina. Tendo em vista o comportamento de preço das commodities, no curto prazo temos mais riscos baixistas. Em relação ao IPA Agro, existem expectativas positivas para as próximas safras e para o abate de bois, o que pode reduzir os preços dessas commodities. A relação entre o real vs dólar é um ponto de atenção, já que a depreciação do real pode manter os preços pressionados por aqui.

CAGED em outubro apontou abertura de 160 mil vagas, abaixo da expectativa de 220 mil vagas. Mesmo assim, a leitura foi acima da média histórica para o mês. Com esse dado, a abertura de vagas no ano totaliza 2,3 milhões. Os setores que mais contribuíram com essa leitura foram serviços e comércio, influenciado pela Copa do Mundo e final de ano, época em que a demanda por bares e restaurantes aumenta. Na indústria houve desaceleração em relação ao mês anterior. Em linha com o CAGED, a taxa de desemprego divulgada pelo PNAD diminuiu, saindo de 8,7% para 8,3%, abaixo do esperado pelo mercado. Além disso, apesar de ainda estar 3,7% abaixo do observado em fevereiro de 2020, o rendimento médio habitual continua acelerando, 0,9% m/m. Isso mostra que o mercado de trabalho está se estabilizando.

Ações Brasil
Em uma semana marcada pela divulgação de diversos dados econômicos do país e possível desidratação da PEC de transição, sinalizando um possível meio-termo entre o que quer o novo governo eleito e a oposição, o Ibovespa acumulou uma alta de 3,4%, negociando aos 112.631 pontos. Dentre as maiores altas da semana, temos Locaweb, Qualicorp, Petrobras, Bradespar e Vale. O anúncio dos pagamentos de dividendos e a hipótese do corte da produção de petróleo estabelecido pela OPEP impulsionaram a cotação do papel. Para Locaweb e Qualicorp, vemos apenas correções de mercado após recentes movimentos negativos. Já por outro lado, temos Marfrig, Brasil Foods, Lojas Americanas, Petz e IRB Brasil com os piores desempenhos. O destaque fica para o recente surto de gripe aviária nos países da América Latina e as perspectivas ruins para o setor de proteínas animais no próximo ano, que contribuíram negativamente para o desempenho dos papéis na semana.

 

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