27/01/23

Análise da Semana - 23 a 27 de janeiro

Global - 

O PCE, índice de inflação ao consumidor dos EUA, de dezembro teve uma alta de 0,1% m/m, acima da expectativa de 0% m/m. O núcleo teve uma aceleração de 0,3% m/m, representando uma leitura em linha com o esperado e, dessa forma, encerrou 2022 com uma alta de 4,4% a/a. O setor de serviços foi destaque na leitura, apresentando uma inflação pressionada de 0,5% m/m. O carrego para 2023 está em 0,5%, com uma possível leitura negativa no primeiro trimestre do ano. Esse dado não deve impactar na decisão do FOMC na próxima quarta-feira, mas pode sustentar o discurso hawkish, tendo em vista a resiliência da inflação.  

O PIB do 4T22 registrou um avanço de 2,9% t/t, acima da expectativa de 2,6% t/t. Esse resultado é proveniente do grupo de estoques, que vinha contribuindo negativamente nas últimas duas leituras. Por outro lado, o consumo das famílias e o setor de serviços sofreram desaceleração, tornando a leitura mais branda do que no trimestre anterior. Esses dados corroboram com a leitura dos dados de varejo e indústria, indicando que o grupo de consumo está arrefecendo. Mesmo com o setor de serviços ainda representando um destaque positivo, já é possível identificar sinais de desaceleração da economia. Nos próximos trimestres espera-se uma continuidade desse movimento de arrefecimento da demanda.

A prévia do PMI composto, índice visto como um termômetro para a atividade econômica nos EUA, de janeiro mostrou um avanço marginal, vindo de 45 pts para 46,8 pts, número acima do consenso. Mesmo assim, o patamar atual ainda é considerado contracionista, já que está abaixo de 50 pts. A surpresa é derivada de uma atividade mais forte tanto no componente de indústria como no de serviços, mesmo com uma desaceleração da demanda. No setor de serviços, há registros de um mercado de trabalho ainda forte, com uma boa criação de vagas. Por outro lado, foi apontado também um aumento nos custos no mês, consequentemente aumentando os preços dos fornecedores.

No início dessa semana um funcionário do centro de backup de dados da Bolsa de Nova York esqueceu de realizar a rotina de segurança dos dados, ocasionando caos na bolsa na manhã de terça-feira. Esse erro causou grandes oscilações na abertura do mercado, afetando mais de 250 empresas e, em alguns casos, gerando oscilações de 25 pontos percentuais em poucos minutos. Tudo isso fez com que operações fossem canceladas a um custo que ainda está sendo estimado.

Ainda estamos em temporada de divulgação de resultados nos EUA. Essa semana a Microsoft mostrou lucro acima do esperado pelo consenso. A receita da companhia foi de US$ 52,75 bilhões, representando um aumento de 2% a/a, em linha com a expectativa, sendo o menor crescimento de receita há 7 anos. O lucro por ação foi de US$ 2,32 vs. US$ 2,29 estimado. Esse resultado foi 11% menor que 2021, quando o lucro por ação foi US$2,48 no mesmo período. Ele foi impactado em US$ 1,2 bilhão por encargos de decisões estratégicas. O destaque positivo da leitura foi o segmento de Cloud, o qual cresceu 18% a/a. Já como destaque negativo, tivemos o segmento de personal computing, o qual sofreu uma queda de 19% a/a.  

Os números divulgados pela Tesla foram sólidos em um trimestre decisivo para a empresa. Dessa forma, os números são menos importantes do que o guidance da empresa, a qual espera produzir as melhores margens do mercado de carros enquanto produz os próximos modelos dos veículos. De forma geral, a Tesla quer manter o alto nível de competitividade em relação aos seus peers, mesmo em meio a uma economia enfraquecida. O lucro por ação foi de US$ 1,19, as vendas da companhia totalizaram US$ 24,3 bilhões e o lucro operacional bateu o recorde, atingindo US$ 3,9 bilhões. Os números, entretanto, ficaram um pouco abaixo das expectativas de Wall Street, o que não afetou muito o preço das ações, tendo em vista que elas já estavam extremamente descontadas.

Brasil

O IPCA-15 de janeiro apresentou uma alta de 0,55% m/m vs. 0,53% m/m esperado pelo consenso. A surpresa foi causada por uma menor desaceleração nos preços de combustíveis e, como efeito, nos preços de transporte, fora uma forte aceleração em comunicação. Em contrapartida, os segmentos de artigos de residência, alimentos e vestuários tiveram uma deflação maior do que o previsto, compensando parcialmente a surpresa. Em 2023 o cenário de inflação segue desafiador, com a volta dos impostos federais sobre os combustíveis sendo um dos principais vetores altistas.    

 Ações Brasil

Essa foi uma semana com muitos dados divulgados, além da publicação dos resultados de grandes empresas americanas. Saíram dados econômicos dos Estados Unidos, como PIB do 4T22 e índice de inflação ao consumidor e no Brasil, o IPCA-15 de janeiro. Na China, os mercados ficaram fechados devido ao feriado de Ano Novo Lunar. No período o Ibovespa acumulou uma alta de 0,2%, fechando aos 112.315,19 pontos. Os melhores desempenhos da semana ficam para CVC (CVCB3), Magazine Luiza (MGLU3), Petz (PETZ3), CSN Mineração (CMIN3) e Qualicorp (QUAL3), enquanto os piores ficam para Bradesco (BBCD4/BBDC3), Minerva Foods (BEEF3), 3R Petroleum (RRRP3) e Itaú Unibanco (ITUB4).

Para os destaques positivos, o pronunciamento positivo do presidente da CVC, Leonel Andrade, alegando que a dívida atual de R$ 900mm é compatível com as receitas e que há tranquilidade para renegociá-las foi bem recebida pelo mercado no geral. O executivo reforçou que a situação financeira da companhia de turismo é normal e que as demissões ocorrerão apenas para melhorar a eficiência operacional.

Em continuidade, Magalu estendeu a sequência do movimento de alta visto desde o começo da crise das Lojas Americanas. Deve-se isso, principalmente, ao provável ganho de market share dos pares diretos, dado o processo de recuperação judicial.

Por fim, a CSN Mineração declarou a conclusão do deal com a companhia suíça Glencore. A empresa fornecerá cerca de R$ 13mm de toneladas de minério de ferro e receberá um pré-pagamento de US$ 500mm. De acordo com o research do Bradesco BBI, vale ressaltar que esse valor melhora significativamente a posição de caixa da empresa, aumentando a liquidez.

Já nos destaques negativos, os desdobramentos do case Americanas continuam sensibilizando diretamente o setor dos grandes bancos. Basicamente, o mercado está precificando um impacto nas instituições credoras, dado que a magnitude da exposição à Lojas Americanas pode influenciar negativamente o resultado das instituições financeiras já no 4T22, com as provisões lançadas, que acarretarão menores lucros. Fora isso, o Bradesco e o Itaú estão dentre os 5 maiores credores da varejista, ou seja, aproximadamente R$ 8 bilhões concedidos por essas instituições estão em compasso de espera/bloqueados, no aguardo do desenrolar do processo de recuperação judicial.

Ademais, para Minerva e 3R Petroleum vemos apenas correções naturais de mercado com investidores realizando lucros após forte rally dos papéis no mês, que subiram, respectivamente, 16% e 26%. Vale ressaltar que Minerva é top pick do setor para o JP Morgan, portanto, não vemos nenhuma questão estrutural ou de fundamento envolvida.

Por último, a desvalorização do papel de Suzano evidenciada é, em linhas gerais, oriunda da previsão de normalização dos preços da celulose para 2023, e, portanto, a consequente deterioração dos resultados dos players do setor.

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