01/09/23

Análise da Semana - 28 de Agosto a 1 de Setembro de 2023

O PCE, principal índice de inflação perseguido pelo Fed, e seu núcleo vieram em linha com as expectativas em julho. O indicador teve uma alta de 0,2% m/m e na comparação anual foi observada uma aceleração de 4,2%. O dado mensal representa a menor variação em dois anos. Já o núcleo, que exclui itens mais voláteis, aumentou a mesma magnitude em relação a junho e 3,3% a/a. Mais especificamente, os preços dos bens caíram 0,5% a/a e os preços de energia caíram 14,6% a/a, enquanto os preços de serviços e alimentação aumentaram 5,2% a/a e 3,5% a/a, respectivamente. Esse dado reforça a percepção de que o alto juro americano tem surtido efeito na dinâmica de preços no país. Dessa forma, muitos analistas acreditam que o Fed deve manter estável a taxa na próxima reunião.

O CPI de agosto na zona do euro foi levemente acima do esperado, crescendo 5,3% a/a enquanto o mercado previa uma alta de 5,1% a/a. O CPI sem contar com os grupos de comida e energia caiu de 6,6% para 6,2% e sinalizou que a inflação na zona do euro pode voltar a cair nos próximos meses. Apesar da impressão de inflação global mais aquecida, os investidores parecem mais seguros de que as tendências globais positivas de inflação permitirão ao Banco Central Europeu manter as taxas de juros na reunião de política monetária no dia 14 desse mês. Importante lembrar que o BCE já tinha sinalizado anteriormente que uma pausa era possível.

Payroll americano mostrou criação de 187.000 novas vagas de trabalho em agosto, contra a expectativa de 170.000 da Refinitiv. O setor de transporte por caminhão perdeu 36,7 mil vagas e foi responsável pela maior queda desde o setor industrial que perdeu 84,5 mil empregos em 2020 durante a pandemia. A perda do setor de transporte se dá majoritariamente pela Yellow, empresa que entrou com pedido de falência no mês passado. Além disso, a greve do cinema em Hollywood foi responsável por acabar com 17 mil vagas.

Brasil

Em julho foi observada uma abertura líquida de 142.702 vagas segundo o Caged. Esse resultado superou as expectativas de mercado de abertura líquida de 139 mill vagas. Todos os setores da economia tiveram abertura líquida de vagas, assim como em todas as regiões do país.  O governo continua projetando crescimento líquido de 2 milhões de vagas para 2023. Apesar do crédito e dos juros ainda altos, o governo federal acredita que a retomada de obras paradas, Programa de Aceleração do Crescimento e Minha Casa Minha Vida devem acelerar a criação de vagas. Além disso, o salário médio de admissão de novos empregados com carteira assinada foi de R$ 2.032,56 contra R$ 2.013,23 do mês anterior.

Nessa sexta-feira, o IBGE divulgou o PIB referente ao 2T23, acima das expectativas e com destaque para a Indústria. O PIB cresceu 0,9% no trimestre, com alta de 3,4% comparado a 2022, mas abaixo dos 1,8% apresentado no 1T23. O esperado pelo consenso da Refinitiv era um crescimento de 0,3% frente o 1T23 e 2,7% comparado ao 2T22, com destaque para o consumo das famílias. A Indústria se saiu melhor e reportou avanço de 0,9%, enquanto Serviços cresceu 0,6% e Agropecuária caiu 0,9%. O agronegócio vem mostrando um bom desempenho no ano, já que impulsionou o PIB no 1T23 e no 2T23 teve uma perda sazonal menor do que o esperado.

Mercados

Nessa última semana de agosto, os mercados tiveram mais um suspiro e fecharam esses últimos cinco dias desse mês turbulento no campo positivo. Na esfera internacional, o PMI da China, Payroll, PCE e PIB dos EUA foram os principais headlines que refletiram na precificação dos ativos. O mercado doméstico repercutiu o noticiário exterior, a recuperação da principais commodities e dados econômicos, como a criação de novas vagas de trabalho e PIB do segundo trimestre desse ano.

O número em linha do PCE (indicador de inflação preferido pelo FED) não impactou significantemente os mercados no pregão de quinta-feira e os investidores logo passaram a calibrar as expectativas para o Payroll. Os yields dos Treasuries não apresentaram grande impacto, com apenas uma pequena queda e os índices futuros também se mantiveram estáveis, sem grandes movimentações. O mercado segue buscando pistas acerca da trajetória inflacionária americana, na expectativa de que haja um arrefecimento que permita o FED iniciar o movimento de flexibilização monetária. Com os números do Payroll que saíram nessa sexta, a probabilidade implícita de manutenção de juros inalterados na próxima reunião do FED saltou de 88% para 93% na CME (bolsa de Chicago).

O PMI Industrial da China avançou em relação a Julho e voltou ao território de expansão em agosto. Esse dado, alinhado aos constantes anúncios de estímulos a economia por parte do governo chinês, suportou a continuidade da retomada das commodities e do minério de ferro. A expectativa de uma maior demanda das siderúrgicas chinesas também corrobora com a atmosfera de recuperação das cotações das commodities metálicas, refletindo um espectro mais positivo para a Vale, que chegou a subir 9% na semana e suportou o Ibovespa dada relevante participação da companhia no índice.

Com o cenário exterior controverso e a continuidade da retomada do desempenho das commodities metálicas e energéticas, o Ibovespa acumulou uma valorização de 1,76% e fechou a última semana de agosto aos 117.876 pontos. O destaque do noticiário corporativo fica para o deal intrasetorial de Minerva e Marfrig. A Minerva anunciou a compra de 16 plantas da Marfrig por 7,5 bilhões, que levará a companhia ao segundo lugar em abate de bovinos, apenas atrás da JBS. O mercado interpretou positivamente a venda dessas plantas pela Marfrig dado que a entrada de caixa diminui a alavancagem financeira, com uma redução aproximada de 70 bps na métrica de dívida líquida/EBITDA (projetada em torno de 3x após conclusão). Para Minerva, a aquisição adicionará 18 bilhões em receita líquida e 1,5 bilhão em EBITDA. De qualquer modo, vale ressaltar que a operação adquirida da Marfrig possui uma margem média de 5%, metade da média do retorno do portfólio da Minerva. Assim, a empresa terá um aumento de receita e melhora na capacidade de geração de caixa, porém terá uma diminuição na margem consolidada, fato que foi penalizado pelo mercado e cooperou para a desvalorização do papel nos pregões subsequentes.

O dólar subiu e os vencimentos futuros da curva de juros brasileira estressaram devido aos ruídos e medidas oriundas de Brasília, que adicionam mais prêmio de risco doméstico. Teve-se um fluxo e volume misto no IBOV, com negociações sinalizando realizações de lucros e cautela. Nesse mês, a reprecificação do espectro global alinhada à incerteza da economia chinesa e consequente volatilidade das commodities balançou os mercados e recalibrou as expectativas futuras do crescimento da economia global.

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