29/09/23

Análise da Semana - 25 a 29 de Setembro de 2023

O PIB americano aumentou a uma taxa anualizada de 2,1% no 2T23, mantendo o ritmo de crescimento e em linha com as expectativas do consenso Refinitiv. Esse crescimento é sustentado pelo mercado de trabalho ainda resiliente, que resulta em aumentos substanciais de salário. O consumo de serviços foi revisado para baixo enquanto o investimento foi revisto para cima. Espera-se que o PIB do 3T23 aumente em 4,9% em termos anualizados, porém a possível paralisação do governo pode prejudicar o crescimento no último quarto do ano.

O núcleo do PCE, índice de inflação preferido do Fed, teve uma alta de 0,1% m/m em agosto, abaixo dos 0,2% m/m previstos pelo mercado. Essa leitura apresenta uma desaceleração em relação aos dados de julho, quando o núcleo teve uma alta mensal de 0,2%. Na comparação anual, o indicador apresenta uma variação de 3,9%, acima da meta de 2%. Já o índice cheio do indicador teve uma variação positiva de 0,4% m/m em agosto, representando aceleração em relação a julho que foi 0,2% m/m no mês anterior.

Brasil

A Ata do Copom divulgada essa semana fortaleceu a perspectiva de cortes graduais da taxa básica de juro. Além disso, o documento sugere uma taxa terminal da Selic entre 10% e 9%, que deve ser atingida ao final de 2024. O comitê considera que a elevação das taxas de juros de longo prazo nos EUA e a expectativa de menor crescimento da economia chinesa exigem maior atenção por parte dos países emergentes. Ainda, alguns membros não parecem confiantes em relação a desinflação de serviços, que é um elemento essencial para o processo desinflacionário como um todo no país, tendo em vista um mercado de trabalho e atividade econômica resilientes. Tudo isso somado a uma política fiscal expansionista no Brasil são limitações para um afrouxamento monetário mais intenso em 2024.

O Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) registrou uma alta de 0,37% m/m, após queda de 0,14% m/m em agosto. Mesmo assim, a alta foi abaixo dos 0,4% m/m projetado pela pesquisa da Reuters. Essa aceleração é reflexo do grande reajuste nos preços dos combustíveis, anunciado no mês passado pela Petrobras. Fora isso, o índice teria apresentado deflação no período.

Mercados

Nessa semana de volatilidade, os mercados permaneceram mistos, mas fecharam o mês de setembro no vermelho. No noticiário internacional, a repercussão da ata do FOMC, PCE dos EUA e mais incertezas sobre a saúde da economia chinesa foram os principais drivers de preço. No Brasil, o mercado digeriu a ata do Copom, que tornou mais claro o que se pode esperar em relação à condução do ciclo de corte da Selic.

O PCE dos EUA, índice preferido do FED para medir a trajetória inflacionária, a meta de ancoragem e consequentemente a perspectiva de juros, veio abaixo das projeções e foi o PCE que menos cresceu desde setembro de 2021. Dito isso, o mercado reagiu bem à leitura e tanto o Down Jones quanto o S&P 500 abriram em alta no pregão de sexta-feira. Já os vencimentos dos Treasuries se mantiveram nos mesmos patamares e a curva americana ficou praticamente estável. Segundo o Morgan Stanley, a tendência futura é de desaceleração do índice, o que proporciona certa folga nas projeções inflacionárias do FED. Até o final do ano, o órgão americano revisou as projeções para um aumento de 0,31% do PCE, ante 0,33%.

Como já comentado, o tom mais duro da ata do Copom pressionou os ativos domésticos e estressou a curva de juros brasileira. Assim, viu-se os juros futuros longos saltarem mais de vinte pontos depois que o comunicado sinalizou como pouco provável a aceleração do ritmo dos cortes da Selic, o que parte do mercado esperava e precificava. Ainda nessa linha, a curva terminal apontou a projeção de Selic terminal para cerca de 10% em 2024, um reflexo também do IPCA -15, que demonstrou aceleração na composição de serviços.

O Ibovespa acumulou uma valorização de 0,48% e fechou a semana aos 116.565 pontos, tendo em vista a leve recuperação do minério de ferro e a volatilidade das bolsas de NY. O destaque no noticiário corporativo desses últimos cinco dias fica para a Weg, companhia especializada na fabricação e comercialização de geradores, motores elétricos, transformadores e tintas. A Weg está comprando a divisão de motores industriais e geradores da Regal Rexnord, uma empresa americana listada na NYSE e com um “market cap” de aproximadamente US$ 9,6 bi. O pagamento será feito após aprovações regulatórias, mas não impactará a estrutura de capital da Weg dado que continuará com uma posição de caixa de R$1 bi. A aquisição foi vista como positiva pois possibilitará a continuidade do crescimento e a penetração em um mercado muito complexo, burocrático e de pouca acessibilidade.

Na semana de fechamento do mês, o dólar ganhou mais força em relação ao real e superou os R$5,00, em linha com o movimento de fortalecimento global da moeda americana. A curva de juros brasileira estressou em todos os vértices com mercado recalibrando expectativas da Selic terminal para 2024. O IBOV apresentou um volume financeiro majoritariamente misto e o saldo acumulado de fluxo estrangeiro na B3 ficou negativo em mais de R$1 bi.  Em geral, foi mais um mês de aversão a risco dada aumento do prêmio de risco dos títulos americanos e consequente contaminação do fluxo em mercados emergentes.

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