06/10/23

Análise da Semana - 2 a 6 de Outubro de 2023

O payroll de setembro apresentou uma criação de 336.000 vagas, mais do que o dobro do que o mercado esperava. Além disso, os dados de julho e agosto foram revisados para cima, apresentando 119.000 vagas a mais do que foi reportado anteriormente. Esses dados destacam a força que ainda existe no mercado de trabalho americano, mesmo com a postura hawkish do Fed para conter a expansão da economia e, consequentemente, a inflação. Apesar disso, os salários mostraram um aumento de 0,2% m/m, 0,1 ponto percentual abaixo da expectativa, representando o aumento mensal mais fraco desde fevereiro de 2022 e levando a taxa de crescimento anual mais lenta desde junho de 2021.

Na China, o PMI de manufatura marcou 50,2 pontos em agosto, sendo o quarto mês consecutivo de aumento do índice. O subíndice de atividade comercial foi de 51,7, enquanto o índice de produção composta subiu para 52 pontos. O número do PMI de manufatura superou os 50 pontos, ou seja, a economia chinesa está novamente em patamar de expansão após cinco meses de contração nas atividades econômicas do país.

A queda do PPI, índice de preços ao produtor, da zona do euro acelerou para 11,5% a/a em agosto em relação a queda de 7,6% a/a observada em julho. O dado foi praticamente em linha com as expectativas. Na comparação mensal o índice subiu 0,6% m/m, em linha com o consenso. Já o núcleo do PPI sofreu uma queda de 0,2% m/m.    

O PMI da zona do euro cresceu em setembro, saindo de 46,7 pontos em agosto para 47,1 pontos, permanecendo abaixo dos 50 pontos que separa expansão e contração da economia. Dessa forma, a economia da zona do euro terminou o terceiro trimestre com contração da atividade de negócios, tendo em vista que os volumes de produção do setor industrial e de serviços estão sendo impactados pela decadência da demanda. A recuperação da zona do euro não será rápida, os índices da Alemanha e da Espanha ultrapassaram marginalmente os 50 pontos, determinando um ritmo de expansão, porém não é suficiente para afirmar que o grupo está recuperando suas atividades.

Nos Estados Unidos, o PMI do setor de serviços foi próximo das expectativas ao cair para 53,6 pontos em setembro. Em comparação ao mês de agosto, o índice teve uma redução de 0,9 pontos, enquanto a expectativa da FactSet marcou 53,7, valor levemente acima do registrado. O subíndice de Novos Pedidos teve queda expressiva de 57,5 para 52,8 no mês a mês, enquanto Emprego caiu de 54,7 para 53,4 pontos. Esses dados sugerem que o Fed mantenha o patamar dos juros estável no mês de novembro.

Brasil

O Ministério do Trabalho divulgou essa semana o Caged referente ao mês de agosto, o qual registrou 220.884 vagas de trabalho formal. A leitura é o segundo maior resultado mensal do ano, atrás apenas do mês de fevereiro. Além disso, o dado representa uma alta de 54% em relação a julho e, no acumulado do ano, o saldo é de 1.388.062 vagas. Setorialmente, serviços foi o maior gerador de emprego do período, seguido pelo comércio. Todos os estados tiveram uma geração positiva de empregos, mas o destaque vai para São Paulo que teve o melhor desempenho, responsável por cerca de 29,6% da leitura. Houve também um registro de pequeno aumento no salário de admissão e desligamento, chegando a R$ 2.037,90 e R$ 2.121,90 respectivamente.

A produção industrial brasileira teve um crescimento de 0,4% m/m em agosto, recuperando parte da perda registrada em julho. Mesmo assim, o resultado veio abaixo da mediana das expectativas de 26 instituições, que esperava uma alta de 0,6% m/m. Na comparação anual, foi observado um aumento de 0,5% na produção. Das quatro grandes categorias pesquisadas, três apresentaram alta entre julho e agosto. Dessa forma, o setor industrial está 18,3% abaixo do nível recorde de maio de 2011 e 1,8% abaixo do nível pré-pandemia.

Mercados

Na primeira semana do mês, os mercados monitoraram os números do mercado de trabalho europeu, americano e brasileiro e performaram de forma mista. No âmbito internacional, a leitura final do PMI europeu e dados de ADP/Payroll dos EUA foram os principais headlines. No Brasil, os investidores repercutiram o contexto internacional, além do CAGED e a produção industrial.

Os dados do ADP sinalizaram uma ligeira desaceleração no mercado de trabalho. Isso gerou expectativas de que o Fed possa reconsiderar futuros aumentos na taxa de juros. Assim, yields caíram e principais índices de NY encerraram em alta na quarta-feira, dado que acalmaram os receios de possível nova alta do fed.

Já no último dia da semana, o payroll surpreendeu negativamente o mercado. Ainda que os salários e taxas de desemprego tenha vindo melhores, o dado de criação de vagas foi muito forte. Dito isso, a sinalização de que o atual patamar de juros é incapaz de desacelerar a economia implica o mercado em precificar que será difícil o Fed não aumentar os juros em mais 25 bps na reunião de novembro. Assim, a probabilidade implícita na curva americana de mais um aumento na próxima reunião saltou aproximadamente 10% na comparação diária.

Nesse ínterim de risk-off global, a discussão de aceleração do pace de queda dos juros no Brasil para 75 bps perdeu muito apetite. A aceleração do ciclo aqui no Brasil nessa conjuntura pressionaria o câmbio, e é improvável que o Banco Central assuma esse risco. Dito isso, o mercado continua precificando que o BC seguirá na linha de 50 bps.

Contaminado pelo cenário externo e volatilidade no preço do barril de petróleo, o Ibovespa acumulou uma queda de 1,92% e fechou a semana aos 114.330 pontos. O que chamou a atenção na semana foi o desempenho das ações da Mitre, que chegaram a derreter mais de 16% no pregão de quinta-feira. Basicamente, a Mitre vai comprar um terreno em Trancoso, que hoje pertence ao controlador Fabricio Mitre. Esse movimento chamou a atenção pelo fato de o empreendimento fugir um pouco do core business da companhia. A ideia do projeto é construir três casa de luxo, o que geraria uma margem bruta de 33% e uma TIR real de 30%. Em vez de levar a operação para a assembleia de acionistas, a Mitre decidiu aprovar a operação no conselho e levando em consideração um potencial conflito de interesses entre a própria companhia e o controlador, o mercado não deu o benefício da dúvida. 

O real perdeu mais força frente ao dólar e a curva de juros brasileira estressou na comparação semanal. Dada atratividade dos títulos americanos, viu-se um fluxo negativo no IBOV, com volume majoritariamente vendedor. No cenário atual, a estabilidade nas taxas de juros dos EUA é uma condição necessária para que os mercados emergentes também possam encontrar um terreno mais estável. Nesse sentido, a volatilidade da curva americana contamina o fluxo estrangeiro em emergentes e, consequentemente, o apetite por esses mercados.

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