As vendas no varejo na zona do euro apresentaram uma queda de 2,9% a/a, um pouco acima da expectativa do consenso de queda anualizada de 3,1%. Na comparação anual, o volume de vendas caiu 0,3% m/m em setembro, depois de um aperto de 0,7% m/m em agosto. Setorialmente, as maiores diminuições mensais foram provenientes de produtos não alimentícios, combustíveis automotivos e o comércio de alimentos, bebidas e fumos. Dentre os membros, aquelas que tiveram as maiores quedas no indicador foram Eslováquia, Suécia, Alemanha e Holanda, enquanto os que tiveram melhor desempenho nas vendas foram Eslovênia, Polônia e Dinamarca.
A inflação ao consumidor, CPI, chinesa em outubro caiu 0,1% m/m e 0,2% na comparação anual. Essa queda pode ser atribuída a queda dos preços dos produtos agrícolas e à redução da demanda depois de feriados importantes no país. Já o núcleo do CPI, o qual excluí os preços dos alimentos e energia, subiu 0,6% a/a. O PPI, índice de preços ao produtor, por sua vez, teve um recuo de 2,6% a/a em outubro, representando o décimo terceiro mês consecutivo no campo negativo. Na comparação mensal, o índice mostrou estabilidade, causada pelas flutuações dos preços internacionais do petróleo e dos metais não ferrosos.
Os números da Berkshire Hathaway referentes ao terceiro trimestre de 2023 surpreenderam o mercado. Foi apresentado um aumento de 40,6% de seus lucros operacionais no terceiro trimestre, totalizando US$ 10,76 bilhões. Ainda, a empresa atingiu seu nível recorde de caixa, impulsionado pelo aumento nas taxas de juros nos EUA. O destaque da empresa no trimestre foi a performance da Geico, uma das principais seguradoras da empresa, com lucro de US$ 1,1 bilhão. Por outro lado, a empresa BNSF, da divisão rodoviária, teve uma queda de 15% t/t em seus lucros. Além disso, a Berkshire também divulgou um prejuízo com investimentos de US$ 24,1 bilhões, principalmente tendo em vista a queda nos preços das ações da Apple. No entanto, a empresa destacou a importância de olhar para seus lucros operacionais no lugar de se concentrar nas flutuações trimestrais de seu portfólio de ações.
A Disney divulgou seus resultados essa semana, com números mistos em relação às expectativas do mercado. As receitas aumentaram, 5% t/t e 7% na comparação anual, totalizando US$ 21,24 bilhões. Entretanto, esse número veio abaixo das expectativas tendo em vista uma diminuição da receita publicitária. Além disso, o lucro por ação da companhia ficou acima do estimado pelo consenso, atingindo US$ 0,82 vs. US$ 0,71 estimados. Dentre as três divisões da companhia (entretenimento, exportes e experiências), o destaque fica para a divisão de experiências, com um aumento de 13% nas receitas, com um maior público e o preço de ingressos mais altos. Ainda, o Disney+ acrescentou 7 milhões de assinantes no 3T23, além de lançamentos de conteúdos importantes que contribuíram para o sucesso do segmento.
Brasil
O IPCA de outubro apresentou uma variação positiva de 0,24% m/m, ficando abaixo das expectativas do mercado de 0,29% m/m. O principal impacto no dado foi a alta de 23,7% m/m nos preços das passagens aéreas. Mesmo assim, o índice teve uma desaceleração em relação a setembro, quando havia fechado com uma alta de 0,26% m/m. Dessa forma, a inflação acumulada do país é de 4,82% nos últimos 12 meses, permanecendo fora do intervalo das metas de inflação, e de 3,75% no ano. Dentre os nove grupos pesquisados, oito apresentaram alta, com destaque para alimentação e bebidas, revertendo os quatro últimos meses de queda. Por outro lado, o grupo de transporte desacelerou em relação ao mês anterior, subindo 0,35% m/m, depois de uma variação de 1,40% m/m em setembro, o que pode ser explicado pelo alívio nos preços dos combustíveis no mês.
Nessa segunda-feira, o Itaú mostrou que teve um 3T23 ainda mais sólido do que o mercado esperava. O resultado do setor de seguros somou R$ 2,2 bilhões, alta de 6% no trimestre e 19% ao ano, alta bastante expressiva. Já a inadimplência de pessoas físicas continuou em 4,9%, enquanto entre carteiras PME tiveram baixa de 2,6%. A qualidade do crédito melhorou, com um NPL de 2,3%, fruto de reduções na inadimplência em todos os segmentos do banco. O ROE chegou aos 22%, marcando uma melhora qualidade dos ativos. Sua receita líquida de prestação de serviços foi de R$ 10,7 bilhões, discretamente acima do esperado e alta de aproximadamente 3% no trimestre e ao ano. As despesas ficaram 6,5% abaixo do esperado pelo BTG, no valor de R$ 14,7 bilhões.
O Banco do Brasil mostrou resiliência no último trimestre. O lucro líquido ajustado foi de R$ 8,8 bilhões, ficando estável em relação ao trimestre anterior, mas representando um aumento de mais de 5% a/a. Esse número está alinhado com os dados do banco de julho e agosto. Ainda, as principais linhas de receita continuam sólidas e as receitas de prestação de serviço superaram as expectativas do BTG. Além disso, a carteira de empréstimos expandiu 3% t/t, mais rápido do que seus pares privados, principalmente por conta de um aumento de 9% t/t do crédito para governo e 6% t/t. As provisões brutas foram 9,5% acima do esperado, refletindo principalmente uma provisão adicional de Americanas. Sem essas provisões maiores, de aproximadamente R$ 500 milhões, o banco teria divulgado um resultado acima do esperado pelo mercado. O ponto positivo é que não há mais efeitos de perda de crédito de Americanas contratado.
O 3T23 do Bradesco mostrou ao mercado uma discreta recuperação em estágio inicial. O maior obstáculo para o banco tem sido a inadimplência e seu foco está sendo uma melhora da sua qualidade de crédito e diminuição de riscos. Seu NPL, principal índice de inadimplência foi de 5,6% e a inadimplência de pessoa física caiu 0,1%, primeira queda desde 2021. Seu ROE marcou 11,5%, queda anual de 2%. Sua receita líquida de prestação de serviços subiu 2,9% na base anual, somando R$ 9,1 bilhões, com destaque nas rendas de cartão, que subiram 2,2% a/a. O BTG salientou uma queda nos números de guidance referentes aos próximos semestres, já que o Bradesco apresentou um 3T23 com uma recuperação mais lenta do que era esperado pelo consenso do mercado.
Nesta temporada de resultados, o BTG Pactual foi o banco que mais surpreendeu positivamente o mercado. O banco teve uma receita de R$ 5,7 bilhões, lucro de R$ 2,7 bilhões e ambos cresceram no mesmo ritmo, cerca de 19% a/a. Já o ROE ajustado ficou em 23,2%, maior número entre seus pares. Sua carteira de clientes compensou a queda vista nas receitas de Sales & Trading, refletindo a recente procura de diminuir o risco assumido pelo banco. Considerando um cenário em que a indústria de fundos sofreu com saques importantes, o BTG conseguiu manter seu fluxo de captação de Net New Money constante. Desse modo, permitiu que os ativos sob custódia do banco atingissem R$ 1,5 trilhão. Além disso, mesmo com um mercado de Equities pouco favorável, a franquia de Investment Banking do BTG cresceu 93% em relação ao trimestre anterior, com a divisão de DCM (Debt Capital Markets) sendo o grande destaque do período.
A JSL, braço de logística da Simpar, apresentou bons resultados no trimestre. O lucro líquido ajustado da empresa teve um aumento de 37,6% a/a, atingindo R$ 58 milhões. Esse crescimento pode ser explicado pela evolução nas margens, pelo início do ciclo de queda nos juros e pela redução do custo de dívidas. Vale ressaltar que o lucro foi impactado negativamente por conta de variações cambiais sobre o caixa e contas a receber nas operações da Argentina. O EBITDA totalizou R$ 393 milhões, o que representa um aumento de 31,5% a/a. O CEO, Ramon Alcaraz, afirmou que o resultado foi beneficiado pelos contratos mais bem precificados, com ajustes nos contratos atuais, além de não renovarem os contratos que não se equilibravam mais. A companhia teve R$ 910 milhões em novos contratos com prazo médio de 41 meses, gerando uma previsão de receita média mensal de R$ 22 milhões. Ainda, a alavancagem da JSL está em 2,63x dívida líquida/EBITDA, dentro da referência de 3x do CFO.
Os números divulgados pela SLC Agrícola foram saudáveis e em linha com as expectativas para o trimestre. As receitas da companhia cresceram 22% a/a, atingindo R$ 1,6 bilhão, o que pode ser explicado pelos maiores volumes comercializados de milho e de algodão, que aumentaram 18% a/a e 55% a/a, respectivamente, além de maiores preços realizados. Por outro lado, os volumes de soja caíram 27% a/a e os preços realizados também sofreram com uma queda de 18% a/a. A receita mais alta fez com que o EBITDA ajustado viesse 5% acima do esperado pelo BTG, com uma variação de 26% a/a.
A Petrobras apresentou números acima do consenso no 3T23, mas com queda em relação aos períodos anteriores da empresa. Houve uma alta de 9% em produção e vendas, enquanto o preço do petróleo subiu 10%. O custo de extração por barril foi de US$ 7,6, em linha com o esperado. Já suas despesas exploratórias foram acima do consenso e ficaram no valor de US$ 484 milhões. O Ebitda Ajustado marcou US$ 13,6 bilhões e foi em linha com as expectativas, representando um aumento de 15% t/t e recuo de 27,5% ao ano. Seu lucro líquido foi 11% acima do esperado pelo BTG, influenciado por prejuízos cambiais que vieram abaixo da estimativa. Porém, foi uma queda de 42,2% ao ano e 7,5% ao trimestre, que já era esperada pelo mercado.
Mercados
Após uma primeira semana de novembro movimentada para os mercados, dada agenda econômica agitada, essa segunda semana repercutiu mais os resultados corporativos de grandes companhias nos EUA e os mercados se mantiveram mistos. No cenário internacional, as vendas no varejo da zona do euro, CPI chinês, a temporada de balanços nos EUA e o discurso de Jerome Powell sobre o futuro da atual política monetária americana foram os principais drivers de preço. No Brasil, mercado de olho no IPCA de outubro e nos resultados das empresas do 3T23.
Nos EUA, Powell descartou a possibilidade de um corte iminente nas taxas de juros, ressaltando a disposição do Fed em aumentar as taxas ainda mais se necessário. Esta postura afastou a ideia de que o pico das taxas nos EUA já foi atingido, contrariando as expectativas do mercado formadas desde que o Fed as manteve inalteradas na semana passada. O fraco volume do leilão de títulos de trinta anos também reacendeu preocupações de que os investidores terão dificuldade em absorver a crescente oferta de novas emissões. Essa fraca demanda alinhada ao discurso menos flexível do presidente do banco central americano pressionou o preço unitário dos Treasuries e consequentemente, as rentabilidades desses títulos.
O IPCA de outubro veio abaixo das projeções e demonstrou um novo alívio na inflação de serviços. Assim, os juros futuros caíram mais de dez pontos no miolo da curva e o dólar também cedeu, com o real entre os melhores desempenhos frente aos pares. Dada combinação positiva de dólar e juros para baixo, o mercado doméstico conseguiu performar e se manteve no campo positivo. Pode-se dizer que essa leitura mais benigna de outubro reiterou a confiança do mercado de que o banco central continue o processo de corte de juros com tranquilidade.
A inflação ao consumidor na China teve uma leitura negativa, indicando fraca demanda no país. O setor imobiliário segue sendo o setor que ainda preocupa na economia, mas as medidas já anunciadas e as constantes expectativas do governo injetar dinheiro para estimular o mercado imobiliário tem tranquilizado os investidores. Dessa forma, o minério de ferro vem confirmando sua tendência de alta, atingindo a máxima de dois anos e apresentando a sétima alta em um total de oito sessões em Singapura. Esse movimento é positivo para o mercado brasileiro dado que as ações da Vale têm uma correlação muito alta com o preço da commodity e ao mesmo tempo possuem uma participação relevante no principal índice brasileiro (Ibovespa). Já o petróleo caminhou para a terceira queda semanal consecutiva dadas as preocupações crescentes sobre a demanda global e a diminuição do prêmio de risco da Guerra entre Israel e o Hamas.
Dado IPCA de outubro mais benigno, continuidade do movimento altista do preço do minério e alívio dos DIs futuros, o Ibovespa acumulou uma valorização de 2,04% e voltou aos patamares de julho, fechando a semana acima dos 120 mil pontos. O grande destaque corporativo fica para o resultado o 3T23 do BTG Pactual, que teve um trimestre histórico e atingiu um valor de mercado de R$ 142 bilhões, com as ações se valorizando mais de 5% na semana. Em linhas gerais, ambos os números de receita e lucro foram muito robustos e a franquia de clientes compensou a maior aversão ao risco do banco no período. Conforme já citado, o BTG conseguiu manter o ritmo de captação de Net New Money e apesar de um cenário adverso para Equities, a área de emissão de dívidas foi um grande destaque no resultado geral do banco.
No geral, o dólar se manteve praticamente estável frente ao real e os vencimentos futuros cederam por toda parte da curva de juros brasileira, em média 13 bps. Teve-se um fluxo positivo no Ibovespa e volume majoritariamente comprador, dado a melhora do fluxo estrangeiro e apetite ao risco. Os mercados seguem indefinidos, buscando uma melhor visibilidade do futuro da economia americana, em que a incerteza sobre o patamar terminal de juros gera bastante volatilidade no curto prazo.
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