01/12/23

Análise da Semana - 27 de Novembro a 1 de Dezembro de 2023

O Índice de Preços ao Consumidor (PCE) americano de outubro não surpreendeu ao mostrar que a inflação continua caindo no país. A principal métrica de inflação analisada pelo Fed apontou uma desaceleração importante do nível de preços em outubro. O principal deflator do PCE subiu 3,5% ano a ano e 0,2% no mês, em linha com as expectativas do FactSet. O deflator do PCE referente a alimentos e energia cresceu 3% a/a, valor levemente abaixo do 3,1% esperado pelo FactSet e com aumento discreto de 0,05% no mês. Esses números foram influenciados pela sazonalidade, já que os preços de energia caíram 2,6% desde o fim do verão.

Ainda nos Estados Unidos, o PMI Industrial marcou 46,7 pontos em novembro, exatamente o mesmo valor de outubro. Um valor acima de 50 pontos aponta crescimento da economia e o FatcSet esperava 47,7 pontos, 1 ponto abaixo do valor real. Esse é o período mais longo em que a economia do país apresenta contração desde 2008 e reflete a dificuldade da indústria americana para se recuperar. O principal ponto positivo foi o PMI futuro da demanda, que marcou 48,3 pontos, representando uma melhora de 2,8 pontos em comparação com outubro.

O CPI, índice de preços ao consumidor, da zona do euro continuou com sua tendência de desaceleração em novembro, saindo de 2,9% no mês anterior para 2,4% em termos anuais. A leitura ficou abaixo dos 2,7% projetados pelos analistas. Na comparação mensal o índice registrou uma deflação de 0,5% m/m. O núcleo da inflação, que desconsidera itens mais voláteis como energia e alimentos, também apresentou um movimento de desaceleração, registrando uma variação de 3,6% em termos anuais contra 4,2% registrado em outubro. Esse resultado corrobora com o sentimento de que a inflação está indo em direção a meta, de forma que o BCE pode decidir encerrar o ciclo de alta de juros.

A atividade industrial chinesa expandiu em novembro de acordo com a leitura do PMI Caixin, surpreendendo o mercado. O indicador subiu para 50,7 pontos em novembro em comparação com a leitura de 49,5 em outubro, mostrando que o setor está novamente em patamar de expansão. Essa foi a expansão mais rápida em três meses e superou a expectativa dos analistas de 49,8 pontos. Isso se deve ao aumento das encomendas, apesar da demanda externa lenta continuar prejudicando a indústria chinesa.

Brasil

Foram abertas 190.366 vagas de trabalho formal em outubro segundo o Caged. Dos cinco grandes grupos de atividades econômicas, quatro tiveram saldo positivo e apenas agricultura, grupo responsável por 58% do saldo de empregos, mostrou uma leve variação negativa. Ainda, 26 das 27 Unidades Federativas apresentaram criação de empregos, com destaque para São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná, enquanto Roraima foi a única UF que registrou 115 postos a menos. Dessa forma, o ano acumula um saldo positivo de 1.784.695 postos de trabalho. Além disso, o salário médio real no mês mostrou estabilidade em relação ao mês anterior, totalizando R$ 2.029,33. Na comparação anual, o ganho real dos salários foi de 0,8%.

A taxa média de desemprego teve uma queda no trimestre móvel terminado em outubro, atingindo 7,6% ante os 7,7% observados no trimestre encerrado em setembro. O dado surpreendeu positivamente o mercado, que esperava manutenção da taxa observada no último mês. Esse é o menor nível desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2015, quando a taxa de desemprego era de 7,5%. Além disso, a população desocupada caiu 3,6% t/t, chegando a 8,3 milhões de pessoas. Assim, o percentual de pessoas ocupadas na população foi estimado em 57,2%.

O IPCA-15, considerado uma prévia da inflação oficial, apresentou uma alta de 0,33% m/m em novembro, depois de subir 0,21% m/m no mês anterior. Essa leitura ficou um pouco acima do 0,3% projetado pelos analistas segundo pesquisa da Reuters. Dessa forma, o índice acumula uma alta de 4,30% no ano e 4,84% nos últimos 12 meses, mostrando um arrefecimento na inflação quando comparado aos 5,05% registrados nos 12 meses imediatamente anteriores. Dentre os nove grupos pesquisados, oito registraram alta no mês, com destaque para o grupo de alimentação e bebidas. O único que registrou queda foi o grupo de comunicação, o qual recuou pelo terceiro mês seguido.

Em outubro, produção industrial brasileira mostrou pouco dinamismo ao variar 0,1% no mês. A Pesquisa Industrial Mensal do IBGE marcou um aumento de 1,6% nas atividades industriais e produtos alimentícios, que desde julho já andaram 3,0%, maior influência positiva. Outras 13 atividades também cresceram, com destaque para produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+ 3,7%), além de máquinas e equipamentos (+2,4%). Porém, a produção de derivados de petróleo e biocombustível foi principal baixa, marcando -1,4% e indústrias extrativas ficou em segundo lugar, com -1,1%. No total, foram 11 atividades em queda, que equilibraram as altas e resultaram em uma produção industrial sem muito movimento em outubro.

 Mercados

Na última semana de novembro, os mercados continuaram na trajetória otimista, vista ao longo das últimas semanas, e fecharam o mês com o melhor desempenho visto nos últimos três anos. No cenário internacional, os principais drivers de preço foram o núcleo da inflação de consumo dos EUA (PCE), PMI industrial da China e confiança do consumidor americano. No noticiário brasileiro, o IPCA-15 e o projeto de tributação de fundos exclusivos e de offshores foram os principais fatores que impactaram o mercado.

O IPCA 15 de novembro ficou ligeiramente acima da mediana das estimativas e pressionou de forma branda os juros futuros, que apresentaram leve alta. Esse dado levemente acima das projeções pode contribuir para uma retirada parcial das apostas em uma intensificação do ritmo de cortes pelo BACEN, discussão que ganhou força nas últimas semanas. Mas, com as recentes questões fiscais se dissipando um pouco, o Copom deve continuar seu ciclo de flexibilização. O mercado espera outro corte de 50 bps agora nesse mês, mas a inflação de serviços segue sendo uma preocupação para os formuladores de política monetária e reforça a visão de que as taxas de juros não cairão tanto quanto grande parte do mercado espera para o ano que vem. Deve-se lembrar que as taxas locais também seguiram a direção dos rendimentos dos títulos do tesouro americano nessa semana.

O PMI industrial da China surpreendeu as expectativas e voltou ao campo de expansão. Dito isso, o minério de ferro subiu logo depois do dado, sugerindo que a indústria chinesa está reagindo. Olhando para frente, espera-se que os novos programas de estímulos foquem em expandir o consumo, aumentar o nível de renda e estimular a empregabilidade. No geral, tudo indica que a China deve consolidar pilares para garantir o crescimento da economia e a confiança das entidades globais no longo prazo.

Com o mais recente PCE dos Estados Unidos, o mercado obteve mais uma confirmação do arrefecimento dos preços na economia americana. Essa leitura positiva endossou expectativas de que o Federal Reserve não elevará mais os juros, ajudando as ações, embora o dólar e os rendimentos dos Treasuries subissem no mesmo momento, ao fim de um mês marcado pelo apetite por risco. Vale frisar que a probabilidade implícita de um corte nas taxas pelo Fed em março agora é avaliada em 46% na bolsa de Chicago, um aumento significativo em comparação com os 27% vistos na semana passada.

Dado a melhora do cenário internacional e maior apetite global ao risco visto em novembro, o Ibovespa teve o melhor desempenho dentre o intervalo de três anos e acumulou uma valorização de mais de 12% no mês, além de fechar acima dos 127 mil pontos. O destaque do noticiário corporativo semanal fica para o report do Itáu BBA sobre Klabin, rebaixando a recomendação de “neutro” para “venda”.  O banco espera um ano de 2024 mais difícil para a empresa do setor de papel & celulose e consequentemente reduziu o preço alvo do papel, de R$ 24 para R$ 22. De acordo com um analista do Itaú BBA, apesar das perspectivas para a celulose terem melhorado, os resultados da Klabin devem piorar na comparação anual. A inflação de custos deve continuar persistente, pressionando o custo de produção marginal na companhia e implicando em uma redução de 6% no EBITDA para 2024. No geral, o Itaú BBA vê o papel negociando a 7,8x EBITDA para 2024 e um FCFY de 2% nos próximos dois anos.

O dólar seguiu o movimento de enfraquecimento frente ao real e os DIs futuros cederam por toda parte da curva brasileira nesses últimos cinco dias, em média 17 pontos percentuais. Viu-se um fluxo positivo no Ibovespa, com volume majoritariamente comprador e intensificação do apetite ao risco. Em resumo, os mercados repercutiram o aumento das apostas para o fim do ciclo de alta de juros nos EUA e Europa, passando a precificar mais de 100 pontos base em cortes nas taxas em 2024, o que, de certa forma, aliviou parte do prêmio de risco global.

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