08/12/23

Análise da Semana - 4 a 8 de Dezembro de 2023

O número de vagas de trabalho abertas nos EUA caiu para 8,7 milhões em outubro contra a abertura de 9,3 milhões registradas em setembro, segundo o JOLTS. Esse é o menor resultado desde março de 2021. Houve queda nas vagas de emprego nos setores de saúde e assistência social, finanças e seguros e imóveis e aluguel, enquanto o setor de informação apresentou aumento. O número de contratações ficou praticamente estável no mês, totalizando 5,9 milhões, praticamente estável em relação ao mês anterior, enquanto o número total de demissões foi de 5,6 milhões.

O Payroll de novembro teve um aumento de 199 mil vaga ocupadas fora do setor agrícola. A leitura veio foi acima do consenso Refinitv, que esperava um aumento de 180 mil vagas no período. Vale ressaltar que em outubro estavam acontecendo greves no sindicato automotivo e no sindicato de atores, gerando impacto no índice tendo em vista que trabalhadores parados são excluídos da folha de pagamentos. Mesmo tendo vindo acima do esperado, o resultado ficou abaixo do ganho médio mensal de 240 mil vagas dos 12 meses anteriores. A taxa de desemprego caiu de 3,9% em outubro para 3,7% em novembro, ficando abaixo das expectativas de estabilidade. Ainda, o salário médio por hora dos empregados em folhas de pagamento privadas cresceu 0,4% t/t, representando 12 centavos e, nos últimos 12 meses, o rendimento médio por hora aumentou em 4%. Essa leitura mostra indícios de afrouxamento do mercado de trabalho, corroborando com a ideia de soft landing nos EUA e afastando ainda mais a possibilidade de mais aumentos na taxa de juros americana.

 O PMI de serviços chinês saiu de 50,4 pontos em outubro para 51,5 em novembro, representando o maior nível dos últimos três meses. Foi observada uma recuperação mais forte no total de novos negócios no trimestre, com a melhor taxa de crescimento de novas encomendas registrada desde agosto. As empresas mencionaram frequentemente que isto se devia a condições mais firmes de mercado subjacentes.  Dessa forma, o PMI composto, o qual agrega serviços e indústria, saiu do nível considerado neutro de 50 pontos para 51,6, sinalizando um aumento na atividade empresarial do país. Esse resultado é apoiado por avanços nas vendas tanto nos setores da indústria transformadora como nos serviços.

O PMI de serviços da zona do euro mostrou recuperação em novembro, saindo de 47,8 pontos no mês anterior para 48,7. A leitura foi um pouco acima do esperado pelo mercado que estimava um PMI de serviços de 48,2 pontos no mês. Mesmo assim, o índice continua abaixo de 50 pontos, indicando que o setor continua em patamar de retração.  Com isso, o PMI composto da zona do euro ficou em 47,6 pontos em novembro, em nível de contração pelo sexto mês consecutivo. Dentre os países membros, o que teve pior desempenho foi a França e o único que registrou uma expansão na produção foi Irlanda.

Brasil

O PIB do 3T23 aumentou 0,1% t/t, surpreendendo o mercado que projetava queda de -0,3% t/t. O destaque da leitura está do lado da demanda, com uma variação de 1,1% t/t. Outro ponto positivo foi o avanço de 3% nas exportações, representando um crescimento robusto. Além disso, o consumo do governo também contribuiu com a alta do produto, apresentando um aumento de 0,5% t/t. O país está no caminho para conquistar um superávit comercial significativo, as projeções totalizam mais de R$ 100 milhões, quase o dobro do registrado ano passado e marcando um recorde histórico. No lado de investimentos, a Formação Bruta de Capital Fixo teve uma forte queda de 2,5% t/t. Olhando setorialmente, a indústria extrativa, de transformação e o comércio tiveram crescimento, enquanto a agropecuária e o setor de construção civil retraíram. Dessa forma, é importante destacar que o crescimento do produto no período foi impulsionado pelo consumo privado e pelas exportações de commodities, não por investimentos ou expansão de crédito ao setor produtivo.

 Mercados

Na primeira semana de dezembro, os mercados refletiram uma certa desaceleração da economia global e tiveram uma performance um pouco mais mista após um novembro muito positivo no geral. No escopo internacional, os principais drivers de preço foram o Payroll dos EUA, PMI de serviços da China e PMI da zona do euro. No Brasil, investidores de olho no PIB do 3T23 e nas falas do presidente do Banco Central acerca da perspectiva futura sobre a condução da política monetária vigente.

Após a divulgação do Payroll nos EUA, podemos ver que o mercado de trabalho segue resiliente, mas ao mesmo tempo mais frio do que já observado. De maneira geral, os números não vieram tão fortes e nem muito abaixo das expectativas, ou seja, podemos começar a pensar que o nível atual de juros está fazendo efeito na economia e que um novo aumento da taxa é pouco provável nas próximas reuniões.

No Brasil, a divulgação do PIB do 3T23 foi um dos principais drivers de preço interno da semana. A leitura inesperada nos oferece um alívio em meio às preocupações de recessão observadas nos últimos meses.

Na próxima semana, o COPOM se reunirá para o último encontro do ano. Por mais que já esteja precificado que devemos ter um novo corte de 50 pontos, chegando a uma Selic terminal de 11,75% para esse ano, o presidente do BACEN alertou aos mais otimistas que o jogo da política monetária ainda não está ganho e existem incertezas. Segundo Roberto Campos Neto, dado que o qualitativo da inflação tem sido benigno, por ora, é possível seguir com esse espaço para corte de juros. No entanto, mesmo que o cenário global comece a desacelerar, os demais bancos centrais precisarão manter as taxas elevadas por mais tempo e isso pode acabar impactando o Brasil. Também destacou que ainda vê espaço para cortes de 50 p.p., mas lembrou que isso é valido sempre duas reuniões à frente, sugerindo que depois de janeiro de 2024 os dirigentes precisariam reavaliar o cenário para concluir se é possível continuar com o ritmo ou reduzir o passo. Dessa forma, especuladores eliminaram parte do otimismo de que em 2024 o BACEN fosse intensificar o ritmo de flexibilização.

Após um Payroll com dados mistos, um leve stress no meio da curva brasileira e a recalibração de uma certa parcela de investidores sobre as expectativas do ciclo de cortes na Selic para o ano que vem fez com que o Ibovespa acumulasse uma desvalorização de -0,9%, fechando a semana aos 127.094 mil pontos.

O dólar se valorizou em relação ao real e a curva de juros brasileira apresentou um leve stress na parte intermediária, oriundo dos dados do PIB brasileiro. Tivemos um fluxo positivo no Ibovespa, com volume misto e alguns indícios de realizações de lucros. Em resumo, os mercados tiveram movimentações mistas e os investidores ficam na expectativa das decisões de política monetária nos EUA e no Brasil, e, principalmente, no tom dos comunicados.

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